CORPORAÇÕES TRANSNACIONAIS COMO GRUPOS FINANCEIROS
Resumo
Embora a atual crise tenha evidenciado as fortes (e devastadoras) inter-relações entre produção e
finanças, dando um impulso à abordagem “financeirização”, há a necessidade, quarenta anos após a
investigação inicial sobre as empresas transnacionais, de reexplorar a natureza das grandes corporações
transnacionais (TNC) . Questões a serem explorados incluem a reformulação do comércio internacional
e da produção, uma estreita interacção entre as empresas transnacionais não-financeiras e (bancários e
não bancários) financeiras transnacionais, o desenvolvimento de redes globais, e a força das relações
estabelecidas pela maioria deles com “seus”governos. A hipótese básica deste trabalho, que é focado em
empresas transnacionais não-financeiras, é que elas não podem ser definidas apenas pelo fato de que são
maiores e mais internacionalizadas do que outras empresas. Em nossa opinião, elas constituem uma
categoria própria, baseada em uma centralização dos ativos financeiros e uma estrutura organizacional
específica (com o papel central na posse da sociedade gestora de participações). Transnacionais, organizadas
e estruturadas como grupos de empresas, são um locus de valorização do capital global, onde a valorização
produtiva e financeira estão intimamente entrelaçadas. No contexto de um capital financeiro mundial
dominado regime macro-econômico de acumulação, a lógica financeira assume um papel preponderante
na estratégia das multinacionais. A desregulamentação irrestrita dos mercados financeiros e a multiplicação
de inovações financeiras (produtos e instituições) deu um novo impulso para a transformação das
empresas transnacionais, que podem ser definidas como grupos financeiros com actividades industriais.